Tecnologia é prioridade para 25% dos CEOs, diz Gartner

Tecnologia é prioridade para 25% dos CEOs, diz Gartner

Empresas perceberam que ficar próximo do cliente é a melhor forma de inovar, diz especialista brasileiro


A tecnologia está ganhando lugar preponderante nos negócios, puxada por um novo modelo de negócios voltado ao digital, de acordo com a Pesquisa 2015 de CEOs e Executivos Sêniores do Gartner, que consultou 400 diretores corporativos de todo o mundo.

Conforme o estudo, 25% dos CEOs veem tecnologia como o assunto mais importante para seu negócio em 2015 e 2016. O grupo só fica atrás do segmento de líderes que priorizam crescimento (54%). Seguem na lista o foco em força de trabalho (24%), cliente (21%) e financeiro (13%).

Para a consultoria, os CEOs devem estar preparados para uma mudança de modelo de negócios que será forçada, dentro dos próximos dois anos, por concorrentes que estão melhor colocados dentro do meio digital e também por tecnologias como a Internet das Coisas. Porém, segundo a pesquisa, apenas um terço desses líderes estão mudando seu modelo de negócio, ou pretendem fazê-lo nos próximos dois a três anos.

Uma movimentação positiva vista no levantamento é o investimento em iniciativas para promover estratégias digitais dentro da companhia. O modelo mais mencionado foi a adoção de reuniões periódicas com o conselho de diretores sobre o tema, já feita por  54% dos respondentes e prevista por 25% até 2016; 46% dos CEOs já deram novas atribuições para os CIOs, e 32% planejam fazê-lo até o próximo ano; 42% dos líderes criaram uma unidade voltada ao digital dentro da companhia, o que está previsto por outros 34% até o ano seguinte. Outras iniciativas incluem a aquisição de negócios digitais e a mudança do perfil do conselho de diretores, incluindo profissionais mais alinhados com o novo modelo de negócio.

Modelo voltado ao cliente
Raymundo Vasconcelos, Chief Technologist na HP, diz que os dados se aplicam ao Brasil, mas não em sua totalidade. "Questões de regulação nos diferem sensivelmente do mercado internacional em algumas indústrias", explica. Além disso, a visão do CEO em relação à tecnologia varia entre os próprios setores: "No mercado financeiro e no agrobusiness, por exemplo, a TI é muito mais parte do negócio em um do que no outro por enquanto".

Apesar disso, um novo estilo de negócio adjunto a tecnologias de nuvem, analytics e big data, mobilidade e segurança, entre outros, força o surgimento do novo modelo de negócio mencionado pelo Gartner de forma generalizada no mercado, ressalva Vasconcelos.

"As empresas inovavam e se diferenciavam competitivamente com base em informações centradas no produto, com o atual ponto de inflexão, esse olhar se debruça já para informações centradas no cliente e de como atender as suas necessidades. A barreira do B2B, B2C, C2C não é mais tão visível assim. Há no mercado empresas com modelos de negócios não mais baseados na cadeia de valor, mas sim na rede de valor e esse é o ponto de relevância da firma digital e de qual o papel que cabe à TI", diz.

O executivo cita o exemplo de empresas que atuam com comércio eletrônico. O advento da mobilidade aproximou-as dos clientes e as fez mudar a mensagem e a abordagem conforme o meio, no computador ou celular - não que signifique o abandono de uma estratégia por outra, mas muito mais pelo fato de considerar o cliente na outra ponta muito mais próximo e presente nesta. São estratégias e iniciativas como omnichannel, que trabalha a disponibilidade do produto em diversos canais, diminuindo a barreira entre a loja digital e a física. Adicionalmente, a mobilidade permite às empresas repensarem o que conhecem sobre o cliente, e essa reflexão acaba por moldar o modelo do negócio. Nesse cenário, a relevância da informação não se baseia mais apenas em dados descritivos - que descrevem as informações - e dados preditivos - que preveem as informações por meio de modelos estatísticos aplicados em dados históricos -, mas também em dados prescritivos - que permitem informar o que a empresa deveria fazer e não está fazendo. A diferença entre olhar para o retrovisor e olhar para o para-brisa, analogamente ao pensarmos no negócio como o ato de dirigir um automóvel: é justamente aqui que reside a importância de TI com nuvem, mobilidade, analytics/big data e segurança. 

Esse novo paradigma é o grande desafio do mercado hoje, e a tecnologia tem um papel fundamental para enfrentá-lo, defende Vasconcelos: "A discussão 'TI é centro de custo ou estratégia?' não cabe mais. Ela foi respondida porque as organizações entenderam que ficar próximo do cliente é a melhor forma de inovar e se diferenciar competitivamente".


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